Real Madrid 1-1 Juventus (Cristiano Ronaldo 23′ g.p; Morata 57′)
![]() |
Imagem: Daily Mail |
Quanto à partida, os primeiros minutos trouxeram uns merengues empenhados em levar o jogo para perto da baliza de Buffon. O primeiro a ameaçar foi Benzema, sendo que Vidal esteve num dos lances que fez Casillas aplicar-se. Os blancos conseguiam empurrar a defensiva transalpina para trás e Bale, com um remate fortíssimo de pé esquerdo, voltou a criar perigo. Aos 23′ chegaria o 1-0. James sofre um toque de Chiellini e Cristiano Ronaldo (até então bastante apagado), na cobrança do penálti, coloca o Real em vantagem na eliminatória. Até ao intervalo houve show de Buffon. O guardião italiano roubou 2 golos a Benzema e viu Ronaldo atirar fortíssimo para a malha lateral. O Real Madrid conseguiu criar perigo, mas era mais pela qualidade individual dos seus intervenientes do que resultante da valia do seu futebol colectivo. Na 2.ª metade do encontro, a primeira fase foi de algum equilíbrio e faltou alguma capacidade de parte a parte para chegar ao golo. Numa jogada de insistência no jogo aéreo, Pogba ganha sobre Ramos e Morata, na ressaca, atira para o empate, recolocando a Juve na liderança da discussão. Pouco depois da igualdade, Bale teve uma ocasião clamorosa para marcar, mas o remate do galês saiu ao lado do poste italiano. A partir deste momento houve muitas oportunidades. Marchisio, isolado e numa posição muito favorável perante Casillas, não conseguiu bater o guardião espanhol, enquanto que Bale continuou o seu desperdício (cabeceamentos por cima). Até ao final, Pobga esteve muito perto de carimbar a vitória no Bernabéu, numa fase final em que os merengues não conseguiram fazer muito para remontar a eliminatória.
Destaques:
Real Madrid – Tremendo fracasso. Os madridistas vão acabar 2015 em branco e vêm o sonho da segunda Champions consecutiva terminar, falhando o encontro com o Barça em Berlim e uma final sonhada que continua sem se realizar. Veremos que impacto terá este golpe para Ancelotti e para alguns jogadores, nomeadamente Casillas. Nesta eliminatória, os merengues entraram com algum excesso de confiança, deixando passar demasiado o tempo, quer em Turim quer hoje, quando já estavam na frente do marcador, revelando falta de frescura física para o assalto final. A equipa começou por criar perigo junto da baliza de Buffon, marcou, mas depois não explorou bem a vantagem na eliminatória e, após o golo de Morata, o conjunto de Ancelotti revelou pouca capacidade de penetração na defesa rival, sem um elemento que driblasse em espaços curtos e começando, muito cedo, a abusar dos cruzamentos frontais.
Iker Casillas – Um símbolo eterno do Real Madrid que pode ter tido hoje a sua última grande noite no Santiago Bernabéu. Sem muito trabalho, respondeu bem a um remate de Vidal na primeira parte e fez um bela defesa a remate de Marchisio que ainda deu esperança. No entanto, não sai sem culpas do golo sofrido, já que no livre de Pirlo, como é normal, não se impôs pelo ar, socando mais na cabeça de Sergio Ramos que na bola, não tendo também capacidade de evitar que o remate de Morata (que não foi colocado) fosse para o fundo das redes.
Sergio Ramos – Tremendo nos duelos, venceu várias vezes Tevez no um contra um, tendo ainda contribuído, com a sua capacidade de recuperar a bola muito alto, para empurrar a Juventus para junto da sua área. Fica mal na fotografia do golo (é ele quem deixa Pogba em jogo), mas a verdade é que Casillas socou mais nele que na bola, o que o deixou atordoado e fê-lo atrasar-se um pouco.
Carvajal/Marcelo– Talvez os melhores jogadores do Real Madrid. O espanhol fez a sua melhor exibição na época, conseguindo anular Pogba e ser uma mais-valia quando em posse. Já o brasileiro foi simplesmente descomunal, roubando muitas bolas a defender e sendo o jogador que mais desequilíbrios criou na equipa, sem medo de transportar e de explorar o um contra um.
Kroos/James– O alemão esteve como habitual, perfeito com bola, sendo mestre na distribuição (torna passes de 30 metros fáceis), mas a sofrer quando se tratava de recuperar, deixando que Tevez lhe ganhasse demasiadas vezes as costas. Já o colombiano não esteve mal (dá sempre qualidade na circulação e ganho a grande penalidade), mas não só não foi capaz de fazer estragos com o seu remate com não apresenta capacidade de romper linhas, como fazia Di Maria na época passada.
Bale/Benzema- O canhoto não se escondeu, rematou muito, conseguiu encontrar o espaço para aplicar o seu remate, mas não esteve certeiro na finalização (só uma vez obrigou Buffon a defender), não tendo também capacidade de driblar quando o espaço é curto. Benzema mexeu com a defensiva bianconera mas não esteve tão preciso como costume (não só a finalizar como na definição de uma ou outra transição), acusando cedo a paragem de um mês.
Cristiano Ronaldo – Mais um golo e um conjunto de estatísticas, mas o futebol não é uma folha de Excel e exige-se mais, muito mais a um Bola de Ouro. O português já havia estado mal contra o Valência e hoje repetiu a dose: desajeitado na recepção e na condução da bola, sem conseguir liderar a equipa em busca da reviravolta, sem se assumir, não incomodando os centrais Italianos no jogo aéreo. Simplesmente, não fez a diferença. A juntar a isto, exige-se a alguém que é um símbolo do clube que não seja o primeiro a sair a correr para o balneário mal o árbitro apite.
Juventus – Que feito da Vecchia Signora. Num tempo em que a superioridade das equipas espanholas na Europa é evidente e em que a Série A não vive a sua melhor fase, a equipa de Allegri chega a uma fina da Liga Milionária 12 anos depois, à base duma enorme maturidade competitiva e duma gestão da eliminatória que só está ao alcance dum conjunto de jogadores tão experiente quanto este. A equipa sofreu um pouco na primeira parte (o Real chegava perto da baliza de Buffon com facilidade), mas entrou com personalidade na segunda, fez o golo e, perante a pressão final do adversária, a equipa esteve notável a defender dentro da área, não permitindo aos merengues ter muitas chances nos últimos minutos. Esta chegada a Berlim poderá ter um significado simbólico neste projecto de crescimento da Juve, sendo certo que a tarefa na final será hercúlea.
Buffon – Muita classe e segurança na baliza, não falhou na saída aos cruzamentos e deu sempre tranquilidade ao seus sector mais recuado, fazendo defesas decisivas a remates de Bale e Benzema. Tal como Pirlo (talvez os melhores nas respectivas posições no século XXI), irá voltar a Berlim, onde foram campeões do Mundo em 2006.
Bonucci/Chielini – Os centrais sentiram dificuldades com as movimentações de Benzema, mas, não dando espaço nas suas costas, foram duma tremenda eficácia a limpar a sua zona de acção, sendo imperiais no jogo aéreo frente a elementos como Ramos ou Cristiano.
Pogba/Tevez – O francês fez uma exibição aquém do que já mostrou. Fisicamente estava limitado, algo que se notou pelo pouca capacidade em fazer valer a sua força e potência nos duelos individuais, no entanto, fica para a história a sua assistência para o golo de Morata. Já o argentino, tal como na primeira mão, recebeu muitas vezes a bola nas costas da linha média dos blancos, mas não conseguiu fazer a diferença na condução de bola (Ramos ganhou-lhe vários duelos).
Morata – O herói da eliminatória. Há um ano saiu de Madrid sem grande destaque, mas agora regressa para tirar o seu clube de sempre da final da Liga Milionária. Não esteve tão em foco como em Itália (Varane e Ramos são rivais muito duros), mas marcou o golo mais importante da sua curta carreira.