Guardiola jogou para ganhar mas o Melhor do Mundo fez a diferença; Só Messi podia quebrar o “muro” Neuer; Bayern acabou com mais posse, Alonso encheu o campo com a sua qualidade técnica; Muller foi intenso na frente, mas faltou um Robben para desequilibrar (Lewandowski esteve desastrado na definição; Bernat pecou na defesa)

Barcelona 3-0 Bayern Munique (Leo Messi 77′ e 80′ e Neymar 93′)


O génio do campo ganhou ao do banco. Guardiola não desiludiu, o Bayern tentou ganhar, dividiu o jogo e até terminou com mais posse de bola, mas a qualidade individual de Messi (o agora melhor marcador na história das competições europeias, com 77 golos) fez a diferença e o Barcelona está praticamente na final da Liga dos Campeões. Um triunfo, por 3-0, que é o reflexo da maior valia individual dos catalães, que tiveram no melhor do Mundo a chave para superar um Neuer que parecia imbatível. Neymar, que nem tinha estado muito inspirado nos descontos acabou por sentenciar uma eliminatória que merecia outro resultado. Não só pela prestação do campeão alemão (incrível como jogou no campo todo, a posse que fez, 53% em Camp Nou não é para todos, e a maneira como se apresentou), mas também porque os adeptos mereciam um duelo mais em aberto para a 2.ª mão. Alonso encheu o campo com bola, Muller também fez um trabalho importante na frente, mas sem Alaba na defesa (Bernat acumulou alguns erros, um deles foi fatal para os bávaros) e Robben no ataque (faltou alguém que desequilibrasse) a missão do campeão da Bundesliga era muito complicada.

Quanto à partida, os alemães até começaram mais confortáveis no jogo, com uma pressão muito alta que dificultava a saída de bola dos elementos de Guardiola. Apesar de as equipas estarem numa batalha táctica (Pep entrou com 3 centrais, mas logo mudou para uma defesa a 4), houve algumas situações claras. Um remate com selo de golo de Suárez apenas foi negado por uma defesa fantástica de Neuer, enquanto que Lewandowski, numa jogada de entendimento com Müller, falhou escandalosamente o primeiro golo. Até ao intervalo, e numa altura em que os catalães estavam por cima, grande oportunidade para Dani Alves, com o guardião germânico a estar gigante novamente. Na 2.ª parte, o Bayern entrou com gande intensidade, embora sem grandes ameaças para Ter Stegen. O encontro caminhava para o nulo, mas o melhor executante do mundo desequilibrou. Na sequência de um erro de Bernat, Messi fuzilou Neuer com um remate forte e, pouco depois, a Pulga viria a fazer o 2-0, num lance absolutamente genial, partindo completamente Boateng antes de finalizar com estilo. Até ao final, Neymar fez o 3.º e colocou os culés muito perto de Berlim.

Barcelona – A segunda metade da época dos culés está a ser esplêndida e o resultado de hoje, que deixa a equipa com pé e meio na final da Champions, dá-lhe ainda mais brilho. Os catalães entraram no jogo de forma frenética e só não chegaram aos 20 minutos a vencer por falta de pontaria e pela excelente oposição de Neuer. Depois, a partir do momento em que Guardiola abdicou da linha de 3 atrás e passou a jogar com 4 defesas e 4 médios, os blaugrana tiveram mais dificuldades para ter bola e criar perigo, apesar de irem sempre criando ocasiões, as quais iam sendo resolvidas por Neuer. Depois, na fase em que a equipa de Luis Enrique até estava menos bem (o adversário tinha a bola e faltava clarividência) apareceu Messi para mostrar o caminho até Berlim. Nota de destaque ainda para o facto de estarmos em maio e de o Barcelona, ao contrário dos seus rivais europeus, ter todos os seus elementos fisicamente fenomenais.

Dani Alves – Depois de cerca de 2 anos abaixo do que havia mostrado anteriormente, o brasileiro tem-se reerguido e hoje, salvo uma ou outra imprecisão, apresentou as virtudes que o levam a ser um dos melhores laterais da última década: muita qualidade no passe (nomeadamente longo), critério na saída de bola e, sobretudo, uma solidez defensiva (nunca foi batido no um contra um) que parecia haver-se esfumado com o tempo.

Luis Suárez/Neymar – Não foi a melhor noite para o brasileiro nem para o uruguaio. Neymar abusou um pouco nas acções individuais, não soltando a bola no tempo devido, mas acabou por não falhar quando esteve frente a frente com Neuer, o que nem sempre é fácil. Já Suárez lutou como sempre, incomodou a defesa rival, mas um avançado top, numa eliminatória destas, não pode perdoar uma ocasião tão clara como aquela que o charrua teve frente ao guarda-redes bávaro (apesar do tremendo mérito do alemão).

Messi – Palavras para quê? A distância dele para os restantes é tão grande que qualquer comparação acaba por ser um insulto. O melhor do mundo, até ao minuto 70, não sendo determinante no último terço, esteve activo e intenso (sete intercepções de bola no primeiro tempo), mas a apertada vigilância promovida por Pep (com ajudas defensivas constantes e forçando La Pulga a jogar com o pé direito) impediu-o de desequilibrar de forma mais incisiva. No entanto, quando a partida mais amarrada esteva, o argentino partiu para uma parte final demolidora: marcou um golo num remate pleno de potência e colocação (só assim se bateria Neuer), outro em que senta um campeão do mundo e pica a bola sobre outro com o pé menos bom e ainda assistiu Neymar para o terceiro tento. Uma lenda viva com 27 anos.

Bayern de Munique – Olhando somente para o resultado, a verdade é que a final da Champions ficou quase inatingível e, pela segunda época seguida, Pep deverá falhar o objectivo de conduzir os alemães ao título continental (apesar de com esta equipa nunca se poder dar nada por garantido), mas é demasiado redutor analisar os acontecimentos apenas por esse prisma. A verdade é que os bávaros jogaram no estádio da equipa mais em forma da Europa sem alterar a sua identidade, pressionando alto, não tendo medo de dar espaço nas costas (o que nos primeiros  minutos quase foi fatal, sendo obrigatório destacar aqui Neuer) e tendo mais bola, a qual era circulada com qualidade. No entanto, o resultado acaba por ser estabelecido, essencialmente, por dois factores: a ausência de gente de desequilíbrio na frente (nomeadamente Robben) para conseguir criar perigo e, sobretudo, o facto de Messi estar do outro lado.

Neuer – Grande exibição do alemão, mostrando que, no que toca às balizas, é o número um. Sem culpas nos três golos, o campeão do mundo fez um conjunto de grandes intervenções que adiaram o primeiro golo ao Barça (a forma como ganhou um mano a mano com Suárez é impressionante) e, com sua defesa tão subida, voltou a mostrar que, jogando como “líbero”, lendo o espaço que tem à frente e saindo para interceptar as bolas colocadas em profundidade, é único.

Bernat/Schweinsteiger – Jogo fraco de ambos. O espanhol não se destacou tanto como é costume na manobra ofensiva (nomeadamente no transporte), talvez até pela natural necessidade de alguma contenção sendo, na maior parte do tempo, o seu adversário directo Messi, mas, a defender, mostrou demasiadas lacunas, sendo batido diversas vezes. Já o alemão mostrou o porquê de estar a fazer uma temporada apagada: praticamente não ganhou um confronto directo, falhou alguns passes e, sobretudo, deu uma sensação de estar mais velho do que seria normal para alguém com 30 anos.

Xabi Alonso – Sofreu a defender (apesar de até ter gerido bem o facto de ter levado cartão relativamente cedo), não tendo agilidade para travar Messi e companhia, mas, com bola, espalhou classe por Camp Nou, acrescentando sempre precisão no passe, a qual permitia oxigenar o jogo da equipa, retirando a bola das zonas de pressão, revelando-se o Basco um elemento chave na partida feita pelo Bayern. Depois de ontem ver Ramos como médio no Real, é inevitável pensar que Xabi ainda daria muito jeito aos madridistas.

Muller/Lewandowski – O alemão esteve a um belo nível, agressivo na pressão e dando sempre uma boa solução com a bola nos pés (tivesse ele tido mais apoio e a historia seria outra), ao passo que o polaco esteve bastante mal (talvez incomodado pela máscara), sobretudo pela forma precipitada como definiu alguns lances.
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