FC Porto 3-1 Bayern Munique (Quaresma 4′ g.p e 10′ e Jackson 65′; Thiago Alcântara 28′)
Quanto à partida, os primeiros minutos foram de uma intensa pressão do FC Porto à saída de bola dos bávaros, algo que, aliado aos erros da defensiva de Pep Guardiola, teve resultados imediatos. Logo à passagem do minuto 2, a pressão de Jackson forçou a perda de bola de Xabi Alonso e o colombiano, isolado perante Neuer, foi derrubado na área, ficando claramente a dúvida se o internacional alemão deveria ter visto o cartão vermelho na sequência do lance, algo que teria um impacto tremendo na eliminatória. Na cobrança, Quaresma não tremeu e inaugurou o marcador. A atitude pressionante e agressiva sobre a bola por parte dos dragões manteve-se e Dante, pouco depois de Lewandowski ter criado perigo junto de Fabiano, permitiu a intercepção de Quaresma que, isolado na cara do guardião adversário, atirou para o 2-0, colocando o Dragão ao rubro. Os alemães tinham muitas dificuldades perante o posicionamento dos elementos de Lopetegui (não conseguiam ligar o seu jogo de posse habitual) e os passes falhados eram uma constante. Nos minutos seguintes os bávaros melhoraram, conseguiram explorar o seu jogo e foram empurrando as linhas do FC Porto para zonas muito recuadas. O Bayern Munique ia chegando à área portista com algum perigo e, aos 28′, Thiago Alcântara viria a reduzir, depois de um excelente trabalho de Boateng. A 2.ª metade do encontro foi, quase na sua totalidade, de domínio portista. Os elementos de Lopetegui tiveram mérito como não deixaram os bávaros ter a bola e na forma como controlaram o conjunto de Pep (os alemães raramente chegaram a Fabiano). Aos 57′, Neuer negou outro lance perigoso com reflexos fantásticos, em que Boateng quase fez auto-golo, sendo que 10 minutos depois houve mais Jackson. O dianteiro colombiano ganhou na frente sobre Boateng e, após ter contornado o guardião adversário, empurrou para o 3-1. Até ao final, ainda houve tempo para Danilo confirmar a sua ausência da 2.ª mão, assim como Alex Sandro.
Destaques:
FC Porto – Um jogo que entra directamente para os anais da história dos dragões, independentemente do que aconteça em Munique. Esta será, provavelmente, a melhor exibição efectuada por uma equipa portuguesa frente a um conjunto do Top-3 Mundial, ainda para mais numa fase decisiva da mais importante competição Mundial de clubes, a qual só não foi perfeita pelo sempre indesejado golo sofrido em casa e pelos amarelos mostrados aos laterais Danilo e Alex Sandro, o que deverá levar a que daqui a uma semana as laterais da defesa sejam ocupados por Ricardo e Martins Indi (veremos se Ribéry e, principalmente, Robben, estarão aptos, algo que se pode revelar absolutamente crucial para o destino da eliminatória). Muito mérito para Lopetegui na abordagem que fez ao jogo, pressionando de forma inteligente (o que está longe de ser só correr que nem loucos atrás da bola) a primeira fase de construção dos bávaros, nomeadamente Dante, que esteve umbilicalmente ligado ao fantástico começo dos portistas. A equipa em poucas situações cometeu o erro de baixar muito o bloco e defender demasiado em cima da sua baliza (foi num desses momentos que surgiu o golo, algo que acaba por ser inevitável devido à qualidade do rival), estando a um nível muito alto na vigilância das zonas interiores nas quais homens como Götze e Muller costumam ser letais. Nota de destaque ainda para a resposta dada por todos os jogadores sob o ponto de vista físico, já que mesmo com a intensidade a níveis máximos nunca se viu um conjunto “morto”.
Fabiano – Para um guarda-redes relativamente inexperiente a este nível, e que no jogo mais importante da época até agora, frente ao Benfica, havia deixado algo a desejar, o brasileiro deu uma bela resposta. Sem culpas no golo de Thiago, apresentou-se tranquilo e sereno, relevando uma excelente capacidade para sair aos cruzamentos, conseguindo mesmo a maior parte das bolas pelo ar.
Danilo/Alex Sandro – Encontro só manchado pelos cartões exibidos pelo árbitro que os afastarão da segunda mão. Os brasileiros não só foram quase irrepreensíveis defensivamente (Danilo teve vários cortes providenciais) como apresentaram um muito bom nível na saída de bola, mesmo quando pressionados, conseguindo fornecer a bola aos médios em boas condições, tendo o canhoto ainda feito a assistência para o golo de Jackson.
Martins Indi/Maicon – Os centrais souberam anular Lewandowski e quem apareceu pela sua zona de acção (nomeadamente Muller), e isso só de si é notável. Jogo sem falhas, com concentração máxima durante mais de 90 minutos, vigor nas bolas aéreas e sem facilitar no momento de sair a jogar.
Casemiro/Herrera – O brasileiro, emprestado pelo Real Madrid, agiganta-se sempre nas noites europeias, e hoje não foi excepção. Um polícia implacável da zona central, fortíssimo nas bolas divididas, sempre bem colocado e a evitar que Götze e Muller fizessem mossa por zonas interiores, sabendo lidar bem com o facto de ter de jogar uma hora com cartão. Já o mexicano não se viu muito na primeira parte (apesar de não ter deixado de ser fulcral ao emprestar a sua capacidade física à pressão), mas lançou-se para um segundo tempo sensacional, mostrando a sua melhor versão como jogador de espaços longos, sendo capaz de abarcar um grande raio de acção, de transportar bola e de fazer multiplicar a sua presença nos diversos momentos do jogo.
Óliver/Brahimi – Os criativos souberam colocar-se ao serviço da equipa, não deixando de ocupar o espaço a defender e de ser agressivos no momento da perda da bola (esta etapa do espanhol na Invicta tem-lo feito crescer uma barbaridade), conseguindo somar a isto qualidade no momento da posse, não se escondendo no momento da saída da bola, sendo essenciais para, em certos momentos, permitir à equipa respirar e subir as linhas.
Quaresma – De preterido no início da época, somando polémicas pela má reacção quando somava poucos minutos vindo do banco ou da bancada, a bisar numa das melhores noites europeias da carreira. O Mustang soube, à base de aproveitar todos os minutos que lhe foram sendo concedidos, inverter a sua situação neste FC Porto, realizando hoje um jogo pleno de eficácia (teve duas chances para marcar e não tremeu, algo que não é de desvalorizar), de agressividade, intensidade e capacidade para pressionar os adversários, como se viu no seu segundo golo.
Jackson – Que jogo do colombiano. Em dúvida até à hora do jogo, apresentou-se em campo para 90 minutos simplesmente sensacionais, mostrando todo o seu leque de virtudes. Capaz de pressionar a saída de bola como no lance que origina a grande penalidade, perfeito a recuar no terreno para ter a bola, segurá-la, ganhar faltas e fazer a equipa subir as suas linhas, tudo com muita classe. A somar a isto, fez um golaço, recebendo uma bola longa de Alex Sandro, contornando Neuer e, de pé esquerdo, colocando o esférico no fundo das redes. Um ponta-de-lança do melhor que há no fundo, que se não fizesse este ano 29 anos teria lugar em qualquer equipa do Mundo e valeria muitíssimos milhões (não que não possa proporcionar uma grande transferência no Verão, mas um cenário de um Jackson com menos 5 anos seria uma certeza).