Categoria de Jackson e verticalidade de Tello vergam o Sporting; FC Porto foi muito superior e consolidou o 2.º lugar; Leões (que não fizeram um remate à baliza) vão ter de lutar com o Braga pela 3.ª posição; Tello fez um hattrick, Cha Cha Cha bisou nas assistências; Dupla Herrera-Evandro mandou no meio campo; Montero voltou a ser engolido pela defesa contrária; Cédric e Jonathan muito incompetentes; Adrien (péssima exibição) ganhou um bilhete para o banco

FC Porto 3-0 Sporting (Tello 31′, 58′ e 83′)

Vitória inequívoca no Dragão. O FC Porto bateu o Sporting sem qualquer tipo de margem para contestação, tal como atestam os números do duelo. Num jogo em que não fizeram um remate à baliza, os Leões perderam pela primeira vez contra os Dragões esta época, distanciando-se do duo da frente (o conjunto de Marco Silva está já a 8 pontos do segundo lugar, tendo desvantagem no confronto direto face à equipa de Lopetegui). Nota claramente negativa para toda a equipa, principalmente para Cedric (sempre batido e com culpas no terceiro golo, ao não respeitar a linha defensiva), para Jonathan (um desastre a todos os níveis) e para Adrien (insuficiente a defender e a perder inúmeros bolas na construção). Por outro lado, o treinador Espanhol venceu o seu primeiro clássico no futebol Português, muito graças a Jackson, que, mesmo não marcando, voltou a mostrar que, neste campeonato, está num nível à parte (é um ponta-de-lança de top Mundial). Tello merece também natural destaque por ter materializado a superioridade do seu conjunto ao apontar 3 golos plenos de velocidade e capacidade de definição face a Rui Patrício. Já Brahimi continua aquém do que sabe, tendo mesmo sido a primeira unidade substituída por Lopetegui.
A primeira parte começou intensa, mas praticamente sem perigo junto às balizas. Marco Silva apostou em Montero para a frente de ataque, repetindo o resto do onze de quinta-feira, enquanto que Lopetegui colocou Evandro no lugar do lesionado Oliver. Dos primeiros minutos a principal nota de destaque vai para a intranquilidade dos Dragões quando tinham de sair a jogar, algo principalmente visível em Marcano, que somou algumas perdas de bola. No entanto, os Leões nunca souberam aproveitar as suas recuperações de bola em zonas adiantadas, faltando algum discernimento e até acutilância (principalmente em Montero). No entanto, a primeira oportunidade do encontro foi para a equipa da casa, com Jackson a aproveitar uma das várias perdas de bola de Adrien para, de pé esquerdo, atirar ao lado. A partir do meio do primeiro tempo, o FC Porto melhorou a sua saída de bola, começou a pressionar o meio-campo rival mais acima, impedindo que os visitantes saíssem para o ataque com qualidade. Já depois de Herrera ter assustado Patrício (atirou por cima depois de excelente trabalho), o primeiro golo chegaria mesmo ao minuto 31: passe magistral de Jackson, solicitando a velocidade de Tello de calcanhar, com o Espanhol, mais veloz que toda a defesa Leonina, a bater o guardião internacional Português com tranquilidade. Até ao final dos primeiros 45 minutos, manteve-se a tendência de domínio dos azuis e brancos, perante a incapacidade do Sporting em reagir aos acontecimentos. 
O segundo tempo trouxe mais do mesmo, iniciando-se com nova oportunidade para os Dragões, quando valeu Cedric a evitar o golo de Jackson, após dupla perda de bola, primeiro de Tobias e depois de William. Ora, após um primeiro quarto de hora de forte pressão da equipa de Lopetegui (o Sporting não saía do seu meio-campo), o 2-0 chegaria mesmo ao minuto 58: Jackson volta a recuar e a fazer um passe magistral para Tello, que, novamente mais veloz que todos os adversários, aumentou a vantagem da sua equipa. Marco Silva tentou reagir, colocando Diego Capel e Slimani por Adrien e Montero, mas o impacto foi praticamente nulo, não tendo os Leões criado qualquer perigo para a baliza de Fabiano. Já depois de Lopetegui ter feito entrar Rubén Neves para controlar melhor o jogo, Tobias errou um passe na saída de bola, tendo esta chegado aos pés de Herrera (bela exibição) que, uma vez mais, solicitou a velocidade de Tello (que aproveitou o facto de Cedric não ter respeitado a linha defensiva, colocando o ex-Barça em jogo) para este estabelecer o resultado final. Até aos 90 minutos, Marcano ainda cabeciaria à barra.

FC Porto – jogo decisivo para os homens de Lopetegui, e ao contrário do que acontecera nos anteriores encontros com os rivais lisboetas, desta vez os dragões não deram a menor hipótese e ganharam com toda a propriedade. O meio-campo dominou por completo, não teve problemas em anular o jogo ofensivo dos médios leoninos, e lançou rápidos ataques que exploraram as clareiras no último reduto adversário. Pela primeira vez esta temporada Tello foi aproveitado naquilo que parece fazer melhor (movimentos diagonais a receber a bola em zona de finalização), e não fosse alguma ineficácia, o resultado podia assumir outros contornos. Mas o motor ofensivo foi mais uma vez Jackson Martinez, que mesmo sem marcar, desbaratou a defesa contrária com os seus movimentos e passes.

Sporting – Desgaste físico, falta de vontade, pouca qualidade, é escolher uma ou mais razões para uma exibição abaixo dos limites mínimos da mediocridade. O clube leonino nunca conseguiu ter bola, de modo a proteger-se e a desgastar o adversário, foi inofensivo na frente (Montero nestes jogos em que fica mais só nem arranha, mas Tanaka, mesmo mostrando qualidade nos movimentos não conta para estes momentos), e as suas pedras mais influentes pouca bola tiveram. A defesa foi facilmente batida com passes de ruptura, também por falta de apoio defensivo da linha média, sendo que os limitados laterais também facilitaram na cobertura aos extremos adversários. Mais uma vez o Sporting sofreu um golo em que toda a linha defensiva sobe, com excepção de um lateral. E o meio campo perdeu a “batalha”, Adrien (que já começa a ser incompreensível como continua no 11) foi menos um. A esta altura da temporada é visível que o grupo está espremido e aquém do necessário para corresponder à ideia da pole-position na candidatura ao título (agora até já só resta a luta com o Braga pelo 3.º lugar) principalmente quando é necessário fazer dois jogos exigentes em menos de 72 horas.
Tello – Eficácia a 100% no frente a frente com Patrício. O espanhol aproveitou bem a avenida que encontrou pela frente, e não teve problemas em explorar as costas de Jonathan. É certo que teve tempo e espaço para finalizar, mas as três execuções não deixam margem para duvidar da qualidade do jovem extremo.
Jackson Martinez/Montero – Cha Cha Cha nem foi perigoso na área, mas sempre que fugiu para zonas exteriores mostrou toda a sua qualidade como pivot ofensivo. O colombiano do Sporting é outra espécie de cafetero, praticamente não se mexeu, não defendeu, e não reteve uma bola.
Cedric/Jonathan – o português teve culpas no segundo golo, não conseguiu sair com bola, e defensivamente cometeu bastantes falhas, mas ainda assim esteve bem acima do seu colega do lado oposto, que acumulou falhas ao nível de posicionamento e controlo do espaço nas costas (mesmo tecnicamente continua a fazer lembrar Grimi).
Herrera/Evandro – esta dupla foi responsável pela pressão exercida pelo Porto sobre a defesa do Sporting, conseguindo recuperar a bola com facilidade e colocá-la com precisão nos elementos mais adiantados. Ao mexicano só faltou mesmo mais acerto a finalizar, mesmo assim contribui com a assistência para o 3-0. Já o ex-Estoril parece ter ganho o estatuto de substituto de Óliver.
William/Adrien – O trinco foi o menos mau, conseguindo exercer alguma pressão sobre a bola. Infelizmente para ele, esteve só na protecção de uma área enorme. Adrien mostrou mais uma vez estar com índices físicos em baixo (foi desarmado várias vezes, e correu devagar e devagarinho), e dá que pensar como Marco Silva continua a apostar continuamente nele em detrimento de elementos mais frescos (na teoria ganhou um bilhete para o banco nos próximos jogos).
Paulo Oliveira/Tobias – O centro da defesa do Sporting vacilou, mas o sector até acaba por ser o menos culpado. Quando os médios não defendem, e os laterais abrem buracos por todo o lado, é complicado aos centrais apagar todos os fogos. O maior pecado foi não terem anulado Jackson quando este fugiu da zona mais recuada. Tobias falhou algumas vezes na saída de bola, cometeu logo um erro grave no princípio da 2.ª parte; enquanto que o ex-Vitória foi o menos mau da defesa, mas também com bola coloca sempre a pressão no companheiro de sector já que não tem saída.
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