
Destaques:
Cristiano Ronaldo – Sem palavras e que excelente altura para igualar aos 47 golos de Pauleta ao serviço de Portugal. Os grandes jogadores aparecem nos momentos decisivos, e CR7 não se escondeu, e se esta selecção carimbou o visto para o Brasil, a ele o deve quase por inteiro. Ronaldo está muito, muito acima dos restantes jogadores da selecção (muitas vezes se irritou com a falta de movimentação dos companheiro), e é constantemente obrigado a trabalhos redobrados, pois não só tem de construir, mas também finalizar. Desta vez, fez três golos fruto de três desmarcações imparáveis, pondo a nu a lentidão da defesa sueca, concretizadas todas elas com remates indefensáveis e de execução imaculada (e nada fácil). Para além disso, deu golos a marcar (Hugo Almeida falhou um de baliza aberta), apareceu em zona de finalização (na primeira parte não teve a sorte do seu lado), veio atrás ajudar, tabelou, enfim, fez de tudo um pouco, e de uma vez por todas deve ter calado aqueles que o denigrem quando o vêem a jogar com as quinas ao peito (só neste ano civil já leva 66 golos e ainda não fica por aqui).
Portugal – A selecção nacional garantiu presença no Mundial 2014, depois de uma fase de apuramento complicada e sofrível, com exibições fracas, mas com um playoff 100% vitorioso (era escusado, devido à pouca qualidade dos nossos adversários na fase de grupos). Portugal vai marcar presença pela 6ª vez num Mundial e, desde 1998 que não falha nenhuma grande competição (apenas Itália, Espanha, Alemanha e França têm um registo igual em toda a Europa). A verdade é que Portugal vai chegar ao Mundial 2014 tal como chegou ao Euro 2012: como um outsider, o que favorece o nosso futebol, mais à base de transições e dar iniciativa ao adversário.
João Pereira – Exibição exemplar do lateral a defender, nunca sendo ultrapassado nos duelos individuais, e indo auxiliar o centro da defesa, mostrando invulgar segurança no jogo aéreo. Mostrou disponibilidade física para auxiliar o ataque, conseguindo até alguns bons cruzamentos, ao contrário do que fizera em Lisboa.
Pepe / Bruno Alves – O madrileno esteve intratável, vencendo todos os duelos que disputou, dentro e fora da área. Já Bruno Alves, embora estando bem na globalidade, falhou no 1-1 (perdeu o duelo dos empurrões com Ibrahimovic). Ainda assim, a dupla manteve-se serena, mesmo após o segundo golo sueco, nunca vacilando perante o assalto dos vikings.
Rui Patrício – Mostrou-se com o jogo ainda a zero (mancha notável a remate à queima), e pareceu mal batido no segundo (embora o remate seja forte, e a barreira tenha aberto, acabou por entrar na sua zona de acção). De resto, acabou até por ter um jogo tranquilo, realçando-se a ausência de trabalho em termos de jogo pelo ar.
Fábio Coentrão / Antunes – O titular este interventivo no ataque, e segurou o seu flanco defensivamente. Já Antunes, acabou por sentir dificuldades (entrou num período em que a Suécia carregou), e foi notória a exploração dos suecos pelo seu flanco.
Raul Meireles / Miguel Veloso – Enquanto tiveram pernas, dominaram o meio-campo, com recuperações e trocas de bola. O problema é quando as circunstâncias pedem algo mais, e a dupla vacilou perante a avalanche sueca no segundo tempo. Miguel Veloso teve algumas falhas graves (perdeu uma bola na linha de fundo, e cometeu uma falta estúpida que originou o segundo), que podiam ter custado caro. Meireles há muito que só dura apenas 60 minutos.
William Carvalho – Estreia absoluta de um jogador que pode ser importante no Brasil. Pareceu um pouco “envergonhado”, facto acentuado por ter entrado logo a seguir à reviravolta sueca. Colocou-se no caminho da bola, e tentou colocá-la nos companheiros, mas (ainda) esteve longe do que mostrou na Liga portuguesa.
Hugo Almeida / Nani – Os elementos “menos”. O extremo foi útil nas tarefas defensivas (ajudou bastante João Pereira perante a forte ala esquerda sueca), mas foi ineficaz no ataque. Sem explosão, sem conseguir bater os adversários directos, limitou-se a um ou dois passes bem medidos (está muito longe do que apresentou no passado, pode ser que a falta de jogos até tenha um efeito positivo no Brasil, pelo menos não irá acusar o cansaço). Já Hugo Almeida, foi surpreendentemente titular, teve o momento alto no passe para o segundo de Ronaldo. O resto do seu tempo em jogo limitou-se a estar fora-de-jogo, falhar um golo escandaloso, passar bolas aos suecos, e ajudar nas bolas aéreas defensivas.
João Moutinho – Estava em desvantagem pelo ar, mas com a bola no chão dominou completamente as operações. Recuperou um sem número de bolas, muitas vezes na dividida perante adversários mais possantes, e colocando-as sempre com critério. Se Portugal dominou boa parte da partida, a ele o deve, pois fez a bola rodar, e pôs os suecos a correr atrás dela. A sua grande exibição foi coroada com dois passes a rasgar para golo (o futebol nem é assim tão difícil quando se sabe o que fazer… um corre para o espaço vazio, outro põe lá a bola redondinha).
Ibrahimovic – É quase um crime que este notável jogador tenha de ver o Mundial no sofá. Mais uma vez, mostrou estar num patamar bem acima dos restantes companheiros de equipa, e tal como Ronaldo, é obrigado a fazer de tudo um pouco. Vem atrás buscar jogo, foge para as laterais, abre linhas de passe e aparece a finalizar. A questão é que o talentoso avançado é apenas um, e se por vezes os seus movimentos parecem desafiar as leis da física, o facto é que ainda não possui o dom da ubiquidade. Marcou o jogo, e deu esperança aos suecos, assinando dois tentos: um cabeceamento indefensável e um “tiro” na sequência de um livre directo.
Suécia – É verdade que nunca devemos menosprezar os adversários, e que a formação nórdica devia ser levada a sério, mas o empolamento da qualidade deste conjunto não faz muito sentido. Para lá de Ibra, que sem dúvida é dos melhores do Mundo, não possuem individualidades capazes de decidir, ou sequer de pegar num jogo. O colectivo é forte e o conjunto coeso, mas as debilidades individuais são demasiado acentuadas para serem eliminadas apenas e só pela organização. A defesa é lenta (já o mostrara em Lisboa), e quando foi obrigada a subir, foi completamente dinamitada pela velocidade de Ronaldo, que explorou os espaços vazios deixados. A dupla de médios não tem o mínimo de criatividade (e Kallstrom já não aguenta grandes correrias), sendo engolida pela dupla Meireles-Moutinho. O ataque vive de Ibrahimovic, sendo que hoje nem Kacaniklic conseguiu desequilibrar. No geral, uma equipa banal, que para lá da sua estrela maior, pouco mais iria mostrar no Mundial.