Atlético conquista Taça do Rei no Bernabéu; Merengues ainda chegaram à vantagem com um golo de Ronaldo, mas Colchoneros (que não derrotavam o rival há quase 14 anos) castigaram a pobreza do futebol do conjunto de Mourinho (péssima despedida do Real) com uma reviravolta consumada no prolongamento

Real Madrid 1-2 Atlético (Ronaldo 13′; Diego Costa 34´ e Miranda 99´)

O Atlético de Madrid conquistou a Taça do Rei na casa do rival, depois de bater o Real Madrid por 2-1, no Bernabéu, após prolongamento. Os colchoneros que já não venciam os merengues desde 1999, foram melhores em termos tácticos, geriram melhor o jogo (principalmente a nível emocional) e acabaram por justificar o triunfo numa final muita intensa, cheia de quezílias, mas com pouco futebol (muita luta, pouca arte). Já o Real, terminou da pior maneira 2012-13, apesar de ter o maior orçamento do Mundo, vai acabar o ano de 2013 sem conquistas (Campeonato, Taça do Rei, Liga dos Campeões e sem hipóteses de disputar Supertaças), e envergonhado em casa (custa mais perder finais no próprio terreno). Numa péssima despedida para Mourinho (com direito a expulsão) de Madrid. Os merengues apresentaram um futebol muito pobre (aliás como em toda a época) e
depois com o desequilíbrio emocional (Ronaldo também foi expulso) não conseguiram contrariar o adversário (mesmo dispondo de várias ocasiões para marcar). 

O jogo começou praticamente com o golo de Cristiano Ronaldo, após
pontapé de canto. O português voltou a subir mais alto e cabeceou sem
hipóteses para Courtois. O Atl. Madrid tentou reagir ao golo, e a pouco e
pouco foi espreitando a baliza de Diego Lopez (quase sempre em lances
de bola parada). Já os merengues, não conseguiram criar mais perigo para
o belga. Aos 35 minutos, Falcao recebe a bola no meio campo, dribla
dois adversários e assiste Diego Costa para o 1-1 (o brasileiro rematou
colocado). O melhor que o Real conseguiu, foi responder através de um
remate à entrada da área de Ozil, que acabou direito ao poste.  A
segunda parte foi bem mais intensa e mais dura, com muitos cartões
amarelos e quezílias. Felipe Luis quase marcou para o Atlético, e na
resposta, Benzema e Ozil desperdiçaram duas boas hipóteses para fazer o
2-1 (o remate do francês foi ao poste e na recarga, o alemão atirou para um corte decisivo de Juanfran.
Depois foi Cristiano Ronaldo a bater um livre por baixo da barreira,
mas a bola voltou a acertar no mesmo poste. Mesmo em cima do apito
final, Diego Costa ficou perto de chegar ao golo, valendo o corte de Modric. No prolongamento, só deu Atlético de Madrid. Os colchoneros tiveram uma boa entrada e chegaram ao golo, através de um cabeceamento de Miranda (Diego Costa já tinha desperdiçado por duas vezes). O Real conseguiu reagir, mas encontrou pela frente um enorme guarda-redes. Courtois negou o golo a Higuain e, depois, fez uma defesa magistral, quando Ozil se preparava para fazer o 2-2. Aos 114 minutos, Gabi derruba Ronaldo, com o português a responder com um toque com a chuteira na cara do espanhol (vermelho directo e confusão entre os bancos). O final da partida, e início de festa colchonera chegou 10 minutos depois.

Destaques:

José Mourinho – Os adeptos merengues dão graças por esta época estar a
terminar. O futebol apresentado esta temporada foi pobre, muito pobre.
Com esta derrota, o clube não vai conquistar nenhum título em 2013 (no
campeonato nem deu luta) e perdeu a hipótese de disputar as Supertaças
para o próximo ano. No mínimo decepcionante para o emblema com o maior
orçamento do mundo. É o fim da linha para o treinador português, com
muitas culpas no cartório.

Atlético – Uma equipa bem montada para esta final e que teve mérito pela
maneira como conquistou a Taça no terreno do rival e quebrou um jejum
de 14 anos sem bater os merengues. À imagem de Simeone. Sempre que
puderam, levaram o jogo para uma dimensão mais física. O trio de médios
(Mário Suárez à frente da defesa, Gabi e Koke a interiores) luta muito e
dá bastante consistência ao conjunto do técnico argentino. Na frente, o
tridente composto por Diego Costa, Arda Turan e Falcao entendeu-se às
mil maravilhas e desequilibrou completamente a defesa do Real. A
estrelinha da sorte que os colchoneros tiveram premeia a atitude
exemplar e espírito de sacrifício durante o encontro. De destacar ainda a
espectacular exibição do promissor Courtois e ainda o papel de Miranda,
não só pelo golo que marcou, mas também pelos cortes preponderantes que
efectuou (ao contrário do seu parceiro Godin, que errou bastante).

Ronaldo – Não foi uma boa exibição do internacional português, que
chegou neste encontro aos 55 golos em 55 jogos. Pela positiva teve o
lance do golo, em que demonstrou uma vez mais que é o melhor finalizador
do mundo. Foi demasiado individualista nas suas acções e nunca lidou
bem com o facto de estar sempre rodeado por 2/3 adversários. Para além
disso, pareceu muito nervoso, deixou-se levar pelas picardias de
Juanfran (uma rivalidade que já dura há muito tempo) e o seu
discernimento saiu penalizado. A gota de água foi o lance da expulsão.
Um jogador com a sua experiência, por muito que esteja afectado pelo
resultado, não pode responder a uma falta mais dura. Infantilidade, no
mínimo.

Real Madrid – É verdade que a equipa foi muito ineficaz e desperdiçou
muitas oportunidades. É verdade que foi algo infeliz na maneira como os
lances de finalização bateram nos postes ou foram evitados em cima da
linha de golo. Agora, é indesmentível que a qualidade da exibição
madrilena foi muito aquém do desejável. Com o golo de Ronaldo, a equipa
recuou e sofreu o empate. A partir daqui, o desequilíbrio emocional
retirou todo o discernimento aos jogadores merengues. Ataques
precipitados, falta de ideias, e demasiados erros defensivos. Em suma, o
espelho daquilo que foi a época merengue.

Diego Costa/Falcao/ Arda Turan – Jogo
espectacular dos três homens da frente do Atlético. O brasileiro foi, na
nossa opinião, o melhor em campo. Deu muitos problemas a Coentrão
através da sua velocidade e pujança e conseguiu sempre desmarcar-se nas
costas da defesa do Real. Marcou ainda um belo golo, depois de um
excelente trabalho a meio campo de Falcao. A estrela colombiana
desempenhou um papel de enorme sacrifício, pressionou bastante a saída
de bola contrária e teve de recuar para procurar ter bola. Em relação ao
turco, demonstrou uma qualidade técnica brutal e deu tremenda segurança
à posse de bola colchonera. Muito criativo e a definir com categoria.

Özil/Modric
– O alemão foi o melhor elemento do Real, o que mais desequilibrou.
Partindo do flanco direito, as suas diagonais resultaram em várias
situações de finalização, que para sua infelicidade não deram em golo.
Em relação ao croata, continua a desiludir. Apresentou muito pouco para o
que vale. Actuou como 10 mas não conseguiu entender-se bem com os
companheiros de ataque.

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