Barcelona 1-3 Real Madrid (Jordi Alba 89´; C. Ronaldo 13´g.p. e 57´ e Varane 68´)
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Di Maria senta Puyol e CR7 faz o 2-0 |
O Real Madrid de Cristiano Ronaldo e José Mourinho foi à Catalunha derrotar o seu grande rival FC Barcelona, assegurando presença em mais uma final da Copa do Rei. Os merengues foram superiores (a posse de bola não é tudo no futebol) e, pela 1ª vez na “era Mou”, dominaram o Barcelona do princípio ao fim. O treinador português somou a sua vitória mais expressiva frente aos catalães (ao serviço do Real), manchada apenas pelo golo tardio de Alba, enquanto o Real marcou 3 golos em Camp Nou pela 1ª vez desde 2006-07 (1961-62 a contar apenas com jogos da Copa do Rei). Quanto a Cristiano Ronaldo… marcou pela 6ª vez consecutiva em Camp Nou (2 bis consecutivo), tornou-se no 2º jogador da história do Real com mais golos marcados no terreno do Barcelona (8, contra 11 de Gento), o 4º jogador com mais golos marcados aos catalães (12, contra 18 de Di Stefano) e soma 39 golos em 2012-13 (6 na Copa do Rei). Sergio Ramos e Varane (especialmente o francês) também se apresentaram em bom nível, Ozil, Di Maria e Coentrão deixaram bons apontamentos, enquanto do lado catalão, Lionel Messi voltou a “desaparecer” em campo, tal como a dupla Xavi-Fàbregas.
Destaques:
Barcelona – Continua a ser a equipa mais temível do Mundo, mas andar a
brincar ao futebol dá nisto. Encarar esta fase decisiva da época sem
treinador só podia dar mau resultado. É certo que os catalães têm uma
espécie de piloto automático que quase nem precisam de um líder…às
vezes dá a ideia que qualquer um podia ser o técnico, até os adeptos como
se verificou hoje (pediram para Villa entrar, e ele entrou). Mas em
momentos complicados é necessária a presença de alguém que consiga
motivar, incutir novas ideias e dar continuidade ao espírito competitivo
(Guardiola o ano passado saiu porque deixou de conseguir isso). E a
verdade, é que parece faltar algo a este Barça. A equipa denota algum
cansaço mental, o futebol de posse tem cada vez menos objectividade, a
pressão (que sempre foi a principal arma dos catalães) tem menos
intensidade e o conjunto vai com mais facilidade abaixo quando aparecem
as contrariedades. E depois com elementos como Xavi e Cesc sem nada
acrescentarem (voltaram a ser uma nulidade), ainda mais complicado se
torna.
José Mourinho – Perfeito. O Real foi uma equipa com uma intensidade
brutal, psicologicamente esteve sempre por cima do encontro, e em termos
de abordagem ao jogo roçou a perfeição (pela 1ª vez na era Mou foi
claramente superior aos catalães). O conjunto merengue parece ter feito
de Camp Nou um terreno simpático, é notório que os jogadores não acusam a
pressão e os resultados estão à vista: 2 jogos decisivos (hoje e o do
“título” na época passada), duas vitórias. Madrid vai sentir saudades do
Special One na próxima época, pois conseguir anular (e bater de uma maneira
algo regular) a melhor equipa de todos os tempos é histórico.
Cristiano Ronaldo – A grande figura do encontro. Começa a ser complicado
encontrar adjectivos para o melhor jogador português de todos os
tempos. Os recordes que tem alcançado (em menos de 4 anos já bateu
históricos do Real como Raúl e Di Stefano) e logo contra a melhor equipa
da história do futebol, a maneira como continua a “carregar a equipa às
costas” e a qualidade que exibe deviam merecer um outro reconhecimento
por parte da FIFA (e até de alguns portugueses…é impressionante a
quantidade de pessoas que odeiam CR7). Hoje criou o 1º golo (fez o que
quis de Pique e ganhou o penalti) e, com toda a calma, ainda fez o 2-0,
além disso foi sempre uma dor de cabeça para a defensiva catalã
(rematou, desgastou, correu…no último minuto ainda estava a fazer
sprints como se fosse o 1º minuto da partida). Como disseram os
espanhóis no final da partida: “Foi Rei na casa de Messi”.
Messi – Dois remates, ambos perigosos (um logo na 1ª jogada do encontro e
outro de livre), e pouco mais. O argentino, à semelhança do que tinha
acontecido com o Milan, voltou a ser pouco influente, raramente apareceu e
esteve completamente ao lado do jogo. Muito pouco para quem tem o
estatuto de melhor do Mundo (e já não se pode falar de algo ocasional
quando aconteceu pela 2ª vez no espaço de uma semana).
Iniesta/Pedro/Alba e pouco mais… – Os centrais denotaram muitas
dificuldades, Xavi e Cesc foram uma nulidade, Dani Alves e Messi pouco
acrescentaram, e no meio de um jogo tão pobre do Barça safaram-se
Iniesta (excelente assistência e dos poucos a dar alguma qualidade ao
jogo catalão), Pedro (o mais interventivo na 1ª parte) e Alba (pelo
golo, e por ser o único a dar alguma intensidade ao jogo catalão).
Sérgio Ramos/Varane – Excelente exibição da dupla merengue. Estiveram
impecáveis defensivamente. O francês voltou a demonstrar que é um
fenómeno, e além da segurança defensiva (é incrível como apesar de só
ter 19 anos neste momento parece já ser o melhor central merengue à
frente de 2 dos 5 melhores do Mundo como são Ramos e Pepe), voltou a
marcar (marcou nas duas mãos) e a apresentar uma maturidade notável.
Xabi Alonso/Coentrão – Finalmente calaram os críticos (VM incluído) e
rubricaram uma boa exibição. O português foi extremamente competente nas
suas acções, já o espanhol (que apesar de ser um dos melhores do Mundo
costuma vacilar nestes “El Clasico”) foi importante no equilíbrio da
equipa.
Diego López/Khedira – Fazia falta ao Real um guardião seguro nestes
clássicos (Casillas nunca o foi). Apesar de pouco exuberante, o
ex-Sevilla deu uma segurança incrível à baliza merengue (hoje voltou a
rubricar uma excelente exibição, dizendo presente sempre que foi chamado
a intervir); o alemão por sua vez, foi novamente um poço de energia no
meio campo. Equilibrou a equipa, recuperou bolas, deu linhas de passe, e
esteve praticamente em todo o lado (estranhamente continua a ser um dos
jogadores menos valorizados no futebol mundial).
Di Maria/Ozil – Boas exibições. O argentino teve alguns lapsos na fase
inicial do encontro, mas aos poucos começou a soltar o seu futebol.
Esticando o jogo merengue, imprimindo velocidade nas transições e ainda
teve uma acção decisiva no 2-0 (poucos foram os jogadores na última
década que vergaram assim Puyol); já o alemão fez um trabalho
“invisível” notável (impediu quase sempre Busquets de iniciar a 1ª fase
de construção), e deu-se sempre ao jogo (é o elemento merengue com mais
capacidade em fazer posse e a espaços teve pormenores técnicos acima da
média. Mantemos a ideia de que Ozil e Iniesta são os 2 jogadores com
mais azar na história. Tivessem aparecido numa geração sem Messi e
Ronaldo, e onde o peso dos golos era menor, e estariam a lutar pelo
rótulo de melhor do Mundo).