Jorge Jesus assumiu o comando técnico do Benfica na temporada de 2009/10. Chegou, viu e venceu com Quim na baliza, tal como Trapattoni o havia feito, mas sabia-se antemão que o jogador formado no Sp. Braga não era o desejado. Assim sendo, o ex-internacional português foi “despachado” e para o seu lugar chegou Roberto Jiménez. A história do espanhol é a que se sabe, e o Benfica viu-se de novo obrigado a ir ao mercado em busca de um guardião que, tal como um avançado ou outro jogador de campo, conquistasse pontos para a equipa, como Jorge Jesus tanto desejava. O escolhido foi um tal de Artur Moraes. Um guardião brasileiro, que havia jogado no futebol italiano (AS Roma; Siena; Cessena) e que encontrou em Portugal o país ideal para estabilizar a sua carreira. A sua primeira paragem foi Braga, onde se deu a conhecer aos portugueses. Foi titular absoluto (depois da saída de Felipe) e realizou uma excelente temporada no clube minhoto, culminada com a presença na final da Liga Europa. Em final de contrato, o nome de Artur foi associado a diversos clubes, quer portugueses, quer estrangeiros. Apesar do brasileiro ter sido dado como certo no Sporting, a verdade é que acabou por rumar ao Benfica a custo zero. Na época de estreia foi titular em absoluto, falhando apenas o último jogo do campeonato. Embora o principal objectivo não tenha sido conseguido, o “Homem de Gelo” foi um dos destaques da equipa. Ainda assim, sofreu 40 golos divididos por todas as competições durante a época. Na Luz, mais do que conquistar os adeptos, Artur devolveu qualidade à posição de guarda-redes, oferecendo à equipa a tranquilidade que não existia antes da sua chegada. Este ano, o guardião de 31 anos tem sido um dos pilares da equipa. Artur Moraes e o Benfica são a defesa menos batida da Liga ZON-Sagres, juntamente com o FC Porto. Já são quatro jogos sem sofrer golos, fazendo com que o Benfica tenha em sua posse o recorde de minutos sem sofrer golos nesta edição da liga portuguesa: 446 minutos (curiosamente o último golo sofrido – frente ao Beira-Mar – até foi culpa de Artur). Para além disso, nas dez jornadas já disputadas, as águias contam com 6 jogos sem sofrer golos, e nos últimos 7 encontros obtiveram outras tantas vitórias, sofrendo apenas 1 golo (frente ao Celtic). Para este registo muito contribuiu Artur Moraes. E se tivermos em conta que o Benfica actuou com o suplente Jardel na ausência de Luisão (o verdadeiro líder da defesa); na lateral-esquerda um adaptado (Melgarejo) e no lado oposto um Maxi Pereira longe da melhor forma, o papel do guardião brasileiro torna-se ainda mais decisivo e preponderante no processo defensivo da equipa.
Aproveitou da melhor maneira o “trampolim” que foi o Braga (não fosse o clube minhoto e ainda agora o brasileiro podia ser, e inclusive terminar a carreira como, uma 2ª ou 3ª opção), colmatou uma lacuna na baliza encarnada (na última década o Benfica contratou mais de 11 guarda-redes), está na plenitude das suas capacidades e, tendo em conta o seu posto no terreno, é expectável que ainda tenha muitos anos de futebol pela frente. Para já, as suas defesas vão valendo pontos. Principal responsável pelo registo defensivo dos encarnados? Será o melhor guarda-redes do Benfica nos últimos dez anos? E a nível de selecção? Artur já merece uma oportunidade na “canarinha”? A verdade é que o Brasil não apresenta tantas soluções na posição de guarda-redes em comparação com outras. Júlio César já está numa fase descendente da carreira e Cavalieri nunca se afirmou na Europa, enquanto Neto é um jovem. A aposta tem recaído em Diego Alves (que nem sempre é titular no Valência). A saída de Mano Menezes e a escassez de soluções poderão dar-lhe uma oportunidade.