A pista de Jerez de la Frontera deu as boas vindas à Europa ao Campeonato do Mundo de Velocidade que realizou aqui a sua segunda ronda, depois de adiada a ronda no Japão devido à erupção do vulcão Islandês. A ronda Japonesa passou então para o primeiro fim-de-semana de Outubro.
125cc – Terol “oferece” a vitória a Espargaró
A história da prova centra-se no entanto na luta a cinco que se desenrolou durante grande parte da 23 voltas ao circuito de Jerez entre Espargaró, Terol, Vasquez, Rabat e o alemão Cortese. No entanto o grupo não durou muito, com Cortese a baixar na classificação devido a problemas mecânicos e Rabat a não conseguir aguentar o ritmo dos três compatriotas da frente, que mantiveram um ritmo muito forte até ao final da corrida. Vasquez, companheiro de equipa do vencedor Espargaró, acabou por sofrer uma queda ao tentar acompanhar os líderes e foi obrigado a desistir a 5 voltas do fim, deixando Terol e Espargaró para disputar a vitória entre si.
Confiante do ritmo que conseguiria imprimir nas últimas voltas, Terol ofereceu passagem a Espargaró para o estudar melhor nas últimas voltas mas foi surpreendido pelo ritmo do adversário: Espargaró baixou a cabeça nas últimas duas voltas e imprimiu um ritmo fortíssimo para o qual Terol não teve resposta e acabou por ver Espargaró vencer com uma vantagem de 1.9s em frente a uma ruidosa multidão que via assim um pódio completamente espanhol, tendo Bradley Smith terminado num solitário quarto posto final.
Nicolas Terol lidera ainda assim o Mundial com 45 pontos, mais sete que Pol Espargaró e mais 20 que o terceiro classificado, Esteve Rabat.
Moto2 – “Tiger Toni” Elias vence prova alucinante
Na qualificação Tomizawa conquistou a pole (mesmo tendo sofrendo uma queda no final da sessão) com uma escassa vantagem de 0.002 segundos sobre Julian Simon, campeão de 125cc em título, e 0,052 segundos para Toni Elias que ainda sofre das mazelas no tornozelo e mão aquando dos treinos oficiais de pré-temporada. Do primeiro ao vigésimo classificado a diferença era de menos de um segundo, por isso a prova prometia ser bem disputada, o que acabou por se confirmar.
No warmup da manhã há que assinalar a queda aterradora sofrida por Alex de Angelis na curva Doohan, que felizmente não trouxe consequências graves para o piloto da equipa Scot. A apontar também que a prova foi disputada com apenas 17 voltas ao invés das 25 programadas, com uma queda conjunta de 9 pilotos devido à existência de gasolina na pista a interromper a prova e a obrigar a um recomeço forçado. Felizmente os pilotos envolvidos voltaram a alinhar na grelha de partida, entre eles Elias e Tomizawa.
O recomeço da prova foi marcado por mais uma batalha feroz pelas primeiras posições, com pilotos experientes das diferentes classes do campeonato do mundo a serem a certa altura liderados pelo Rookie da classe Kenny Noyes, que numa espectacular manobra de travagem passou de terceiro para primeiro numa só curva. O americano conseguiu defender-se bem dos ataques durante algumas voltas mas acabou por ceder ao ritmo dos pilotos mais experientes, com Luthi, Tomizawa, Elias e Takahashi a formarem o grupo que iria lutar até ao final pelos lugares do pódio.
Após voltas muito bem disputadas entre os quatro com algumas ultrapassagens bem no limite, foi Elias que levou a melhor sobre Tomizawa na travagem para a direita após a recta interior, com uma entrada em slide que quase acabou mal para o piloto espanhol ao ter alargado na saída da curva, mas conseguiu recuperar do erro da melhor forma e conseguindo assim a sua primeira vitória nesta classe, ele que assim se torna o único piloto com vitórias nas três actuais classes do Mundial e ainda na extinta classe de 250cc.
O pódio ficou completo com Tomizawa e Luthi, fazendo assim um duplo pódio para o construtor Moriwaki com Elias e Luthi e mais um pódio para a Suter de Tomizawa. Takahashi terminou num muito próximo quatro posto aos comandos da Mistral da equipa Tech3 que assim consegue os primeiros pontos no campeonato. Nota ainda para as desistências por problemas mecânicos para Pasini e Canepa, ambos com dificuldades em conseguir entrar em lugares de destaque na classe.
O campeonato é assim liderado por Tomizawa após uma vitória e um segundo lugar com 45 pontos, seguido por Toni Elias com 38 pontos e Thomas Luthi a já 20 pontos do líder.
Motogp – Recuperação fantástica dá vitória merecida a Lorenzo
Também Dani Pedrosa, após conquistar a pole position na frente de Lorenzo e Stoner, deu a entender que embora tenha conseguido a pole, não se encontrava minimamente confiante para a prova. Continuava a sentir os mesmos problemas de estabilidade que o afectaram no Qatar, muito embora a Honda tivesse trazido para Jerez 5 chassis diferentes para Pedrosa testar ao longo do fim-de-semana, na esperança de encontrar uma solução para o problema.
De todos os pilotos, era Lorenzo que se mostrava mais forte para o ritmo de prova, muito embora a sua mão continue a recuperar do pequeno incidente nuns treinos privados na pré-temporada. Estava então dado o mote para uma prova no domingo em que era difícil apontar para um claro favorito à vitória, embora Lorenzo estivesse em melhores condições para conseguir o lugar mais alto do pódio.
A prova, no entanto, começou de uma forma completamente diferente: com mais um dos seus arranques fortíssimos, Pedrosa aproveitou da melhor forma a sua posição na grelha para se instalar logo à partida na liderança e começou desde logo a procurar fazer voltas rápidas e criar uma vantagem sobre os seus rivais. Logo atrás de Pedrosa veio Valentino Rossi, com o piloto da Yamaha a aproveitar da melhor forma o arranque a ser o único a acompanhar o ritmo do pequeno espanhol, sendo que atrás do Italiano vinham Hayden, Stoner e em quinto lugar Lorenzo, que não conseguiu um bom arranque e estava a ter dificuldades com os pneus frios. Atrás de si vinha uma dura luta pela sexta posição liderada pelo Terror do Texas Ben Spies, que acabou por abandonar devido a problemas na frente da sua moto, logo após seis voltas completas.
Pedrosa conseguiu com o passar das voltas criar uma margem confortável de 1 segundo sobre Rossi que não parecia ser capaz de atacar o Espanhol e ia-se assim mantendo no segundo posto. Pedrosa chegou a ter, a pouco mais de 10 voltas para o final, uma vantagem de 3 segundos sobre Lorenzo que por esta altura já tinha subido para o terceiro posto por troca com Nicky hayden, com o Americano a mostrar mais uma vez que os bons resultados vieram para ficar e a conseguir, também pela primeira vez, superar o seu colega de equipa em pista. Aquela que parecia estar condenada a ser mais uma aborrecida prova desta geração das 800cc tornou-se, a 10 voltas do fim, uma das melhores recuperações vistas nos últimos anos, com Jorge Lorenzo a conseguir encurtar a distância para os lideres, alcançando primeiro Rossi e passando-o no final da recta interior sem qualquer resposta por parte do Italiano. Tinha agora quatro voltas para o final da prova e dois segundos de desvantagem para Dani Pedrosa.
Parecia impossível, mas o ritmo do piloto da Fiat Yamaha estava muito forte e a duas voltas do fim Lorenzo colou-se na traseira da Honda e tentou duas manobras de ultrapassagem ao compatriota de cortar a respiração, com uma delas na última curva do circuito, por fora (ou não fosse a sua alcunha de “por fuera”), que levou ao contacto entre os dois pilotos. Felizmente nenhum deles caiu e Lorenzo tinha ainda uma volta para tentar novamente o ataque à liderança, manobra que tentou novamente no final da recta interior, conseguindo desta vez empurrar Pedrosa para fora da trajectória e ficar com a liderança, que já não perdeu até ao final da prova.
Foi uma corrida emocional para Lorenzo, a sua primeira em Jerez, e o mesmo não escondeu o seu entusiasmo: Após a sua celebração normal de espetar a bandeira da “Lorenzo Land” numa escapatória, saltou para dentro do lago artificial num dos lados da pista, com o equipamento completo vestido! Rossi tem definitivamente rival no que toca a celebrações de vitórias…
No final foram os dois espanhóis a ficar com os dois lugares mais altos do pódio, seguidos de Hayden, Stoner e Dovizioso.
De destacar ainda a grande luta para o sétimo posto do qual saiu vitorioso Kallio na frente de Melandri, De Puniet, Bautista, Simoncelli e Edwards, o último a sentir grande dificuldades com a sua Yamaha tal como já tinha acontecido no Qatar. Nas restantes posições terminaram Barberá, Aoyama e Espargaró.
O campeonato é assim liderado por Lorenzo com 45 pontos, mais quatro que Rossi e mais 16 que Pedrosa.
Todas as imagens foram cedidas pelo sitio www.crash.net
Gonçalo Silva